Responsabilidade Social Corporativa Exige Negociações Refinadas
As empresas estão investindo cada vez mais nas suas responsabilidades sociais. Como sintonizar todas as equipes nesta direção?
Quem diria, no final do ano passado, que os principais líderes das empresas estariam hoje apregoando suas responsabilidades sociais? Fazendo suas organizações trabalharem pela redução das desigualdades, justiça econômica, elevação da qualidade de vida das populações carentes? Buscando disseminar valores éticos e morais como cooperação, solidariedade, altruísmo? Atuando para harmonizar a prática de valores com a busca de resultados econômicos – lucros. Para garantir retorno aos acionistas e também satisfazer as necessidades de todos os envolvidos na cadeia de valor.
Estamos vivendo um momento inédito.
Em agosto de 2019, a Business Roundtable, organização que reúne cerca de 200 CEOs das maiores empresas dos Estados Unidos, publicou sua nova versão da “Declaração sobre o Propósito de uma Corporação”. O que até então era “maximizar os resultados para os acionistas” passou a ser definida como “um comprometimento com todos os stakeholders”: clientes, colaboradores, fornecedores, comunidades e acionistas. Nesta ordem.
As empresas e seus líderes despertaram para o fato de que não há como ser bem-sucedido em uma sociedade em desagregação. Houve uma elevação do nível de consciência das organizações e pessoas. Que pode contagiar equipes inteiras e levar a patamares extraordinários de produtividade e resultados, como demonstram inúmeras pesquisas. Veja, por exemplo, o livro “Empresas Humanizadas”.
Este momento, entretanto, apresenta grandes desafios.
Como mudar a forma de pensar e agir de líderes formados no modelo do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”? Como assegurar envolvimento e comprometimento total das pessoas e equipes com a qualidade impecável do seu trabalho, a satisfação plena de seus clientes externos ou internos e a busca de resultados extraordinários? Como atuar sobre todo o ecossistema em que a empresa está para harmonizar múltiplos interesses visando o bem comum?
Harmonização interesses, às vezes radicalmente conflitantes, demanda competências humanas refinadas. Competências dão suporte à busca incessante e determinada da negociação em oposição ao conflito, ao embate, à luta.
A proposta da Negociação Consciente
Negociar conscientemente é levar em conta os interesses e as necessidades de todos os que serão impactados pelas decisões tomadas. E considerar os desdobramentos e as consequências no longo prazo (décadas) para todos os stakeholders. E também para a Natureza, da qual o ser humano é parte (não o “senhor”).
Adotando essa proposta, líderes e suas organizações podem superar crenças e modelos mentais que inibem a mudança de comportamentos longamente estabelecidos. Superação não apenas intelectual. Superação visceral que produz mudanças significativas e duradouras. Mudanças tais como:
- Compreender muito rapidamente a forma de pensar e de decidir de pessoas desconhecidas.
- Sair de formas cristalizadas de negociar, ampliar os referenciais e desenvolver atitudes e comportamentos mais criativos, inovadores e produtivos nas negociações de todos os tipos.
- Exercitar ao máximo as habilidades do relacionamento interpessoal que levam a soluções inéditas e inspiradoras.
- Desenvolver competências de saber ouvir, saber perguntar, comunicar objetivamente, argumentar com clareza e perceber as implicações sistêmicas das decisões tomadas e dos acordos negociados.
- Trabalhar, pela raiz, a efetiva integração de equipes e as várias áreas da organização.
- Usar formas criativas para superar impasses e harmonizar interesses de diferentes stakeholders, em linha com o propósito maior da empresa ou instituição.
- Transformar ambientes de trabalho (físicos e virtuais) em espaços para compartilhamento e desenvolvimento de ideias inovadoras, sem receios e sem censura.
Para incorporar estes comportamentos não basta estudar o que fazer. É indispensável praticar com intensidade e determinação. Buscar feedbacks profundos, nem sempre suaves. E encarar o processo de autodesenvolvimento como uma jornada permanente. Uma jornada que assegure a evolução constante de quem busca sintonia com as profundas transformações pelas quais passa o universo das empresas mais bem sucedidas.
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